Quebra-cabeças- PEÇA 1:
Aquela manada de coxas.
Coxas de todos os tipos, para todos os gostos. Bronzeadas, branquelas, loiras, magrelas, negras, pardas, amarelas, molengas, macias, malhadas, suadas, todas suadas.
Elas se embaralhavam e quando eu tentava focalizar me sentia um carnívoro de topo de cadeia, felino, ludibriado pelas listras das zebras.
Não sei que atributos eu precisaria ter para me familiarizar com aquilo.Os outros machos que dividiam a arquibancada comigo pareciam dominar a situação, mas qualquer um que olhasse bem de perto veria que todos eles estavam completamente rendidos, hipnotizados, quem dominava ali eram elas, as coxas. Não as donas, as coxas.
Eu definitivamente não era daquela espécie, focava de longe.
Do outro lado da quadra, entre um vulto de coxa e outro ela estava sentadinha, quietinha, inatingível como sempre, metida cada semana numa leitura diferente. Nunca a vira participar de uma aula daquelas. Nunca participara, era certo.
No meio daquele açougue atacadão cheio de coxas suculentas à venda a minha fome era de vê-la vermelha como as outras pelo menos uma vez...pelo motivo que fosse.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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