Diálogos:

Eu faria um filme só com os nossos diálogos.
E ontem nós diálogamos por dezenas de longas...
Sobre o que ela gosta de falar que é política e amor.
Sobre ela pensar no depois e no abraço sincero que ela vai desejar no dia seguinte; sobre a diferença entre ser biscate e piriguete; sobre a furada que é o slogan " reforma agrária" ,que afasta ricos e podres; sobre homens ricos com DSTs; sobre o fulano que está vivendo o auge de sua linguagem artística, que projeta cadeiras, alugou uma sala e é um tremendo pau no cu; sobre escolhas; sobre futuro; sobre olhos gandes e corações na barriga; sobre planos; sobre gente bonita ser a mais insegura que tem; sobre a diferença entre sentir saudades e ter boas lembranças e sobre como eu tenho saudades de andar na cidade que eu ainda considero minha e como é tudo uma novidade velha, como é diferente andar pelos mesmos lugares, que não são espaços e sim lugares, e sentir tudo diferente do que eu sempre senti antes...ser uma turista no lugar em que você nasceu e viveu, não morar mais lá e sentir que realmente não mora e passar a dar muito mais valor para toda a atmosfera que a compõe, ve-la pela borda, com um pé dentro e o outro fora; e sobre os homens brasileiros que têm medo de elogiar se achando menos másculos ao fazê-lo, sobre o fato deles terem medo de serem conquistados e quererem sempre conquistar e como eles se movimentam, tomando distância da conquistadora e força para voltar conquistando... eles sempre querem as honras e a glória...mas como doi pra eles dizer o quanto você é linda e o quando é bom estar ali... e o quando doi na gente não ouvir e não saber o que é sinceridade e sobre como isso é cultural...Isso me fez pensar em como isso faz das brasileiras mulheres inseguras e quanto os brasileiros perdem com isso e quanto os gringos ganham... e em como vocês homens gostam muito mais de sexo que nós mulheres e como nós somos boas nisso e o quanto vocês perdem não sabendo nos valorizar... vocês não sabem o que têm... não sabem o quão melhor seria se suas mulheres fossem livres, não sabem o quanto vocês as prendem enquanto escondem delas o quão especial elas são e a graça que é a existência delas e tudo o que elas fazem com isso...
e como isso é cultural...

Você me faz pensar tanto, e isso é tão bom!
Eu não tenho a mínima vontade de te comer, Igi, e não vou te abraçar na manhã seguinte por que nunca haverá noite anterior, mas na falta de um argentino criado que o diga eu digo que você é linda e interessante num grau que você nem sabe...as vezes mais que hipopótamos...











Isso é MUITA saudade.